Artigo de Francisco Turra, Presidente dos Conselhos de Administração da APROBIO e Consultivo da ABPA, ex-ministro da Agricultura
Em março, foi adotada a mistura de 14% (B14), retomando o ambiente de previsibilidade e de segurança jurídica. Em outubro, o Combustível do Futuro foi aprovado com novo patamar para avanço dos biocombustíveis consolidados no Brasil, como etanol e biodiesel, e para a inclusão de novas rotas tecnológicas essenciais para a transição energética como diesel verde (HVO), combustível sustentável de aviação (SAF) e biometano.
O setor empresarial respondeu rapidamente com vários anúncios de investimentos. Com a chegada em breve do B15 (programado para março do próximo ano) e o avanço gradual até B25 a expectativa é que o setor invista R$ 14,5 bilhões nos próximos 10 anos. A qualidade do biodiesel também ficou evidente em uma série de iniciativas das empresas com o uso puro do biocombustível (B100) em frotas de caminhões e tratores, além de avançar para o uso de outros modais de transporte, como navios e barcaças.
Considerando as várias rotas tecnológicas, a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) projeta um investimento superior a R$ 1 trilhão no setor de biocombustíveis pelo Brasil na próxima década. As fontes de financiamentos verdes também cresceram: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) prevê encerrar o ano com o segundo maior valor de sua história em financiamentos a projetos ligados a biocombustíveis. Até novembro, o banco de fomento desembolsou R$ 4,2 bilhões a indústrias de etanol, biodiesel e biometano – a maior cifra dos últimos 13 anos.
A cifra deve aumentar em 2025. A Câmara dos Deputados aprovou, na reta final do ano, a versão final do projeto de lei que institui a criação do Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten), que agora vai à sanção presidencial. Ele cria o Fundo Verde, que será administrado pelo BNDES, mas terá abastecimento por meio de créditos que as empresas tenham com o governo.
Diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF), hidrogênio de baixa emissão de carbono e biometano estão entre as prioridades de investimento na Missão 5 do programa Nova Indústria Brasil (NIB) do governo federal anunciado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele também anunciou que o país vai ampliar em 27%, em 2026, e 50%, em 2033, a participação dos biocombustíveis e elétricos na matriz de transporte.
Devemos celebrar essas conquistas com todos os agentes envolvidos nesse avanço, do Executivo, do Legislativo e do setor empresarial, parabenizando e agradecendo a todos pelo esforço conjunto para chegarmos a um país mais sustentável e justo. 2024 será reconhecido como um marco para a transição energética no Brasil, que beneficiará a todos os brasileiros agora e no futuro.
Fonte: Agro Estadão