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29 jul 2024

Nós estamos sentados no Pré-sal dos biocombustíveis, diz especialista do agro

Com uma crescente produção de etanol de milho e de biodiesel e com a instalação da primeira indústria de biometano em Mato Grosso, o Estado tem cada vez mais se tornado uma potência na produção de biocombustíveis para substituir os combustíveis fósseis – petróleo, carvão e gás natural – que, segundo especialistas, devem ser cada vez menos usados. O agrônomo e empresário Ricardo Arioli afirma que esse potencial representa o futuro do mercado de aviação e de máquinas agrícolas e precisa ser cada vez mais explorado. “Estamos sentados em cima de um pré-sal de biocombustíveis”, afirma.

O produtor questiona o consumo interno dos combustíveis fósseis em setores que o biocombustível já deveria estar em uso. “Por que nós estamos trazendo o diesel de fora, de caminhão lá de São Paulo para levar a matéria-prima de baixo valor agregado, que é o nosso grão de soja ou de milho. Temos que usar mais o biodiesel aqui. Precisa de soja para fazer biodiesel? Nós somos os maiores produtores de soja. Precisa de milho para fazer etanol? Nós somos o maior produtor de milho do Brasil. Então vamos agregar valor”, critica.

Conforme explica o especialista, a produção de biodiesel não só diminui a dependência de combustíveis fósseis de outros países, como aumenta a oferta de farelo de soja no mercado interno. O produto é usado na fabricação de rações, o que pode impactar nos custos de produção de proteínas animais. “É toda uma cadeia econômica desenvolvida com a produção do biocombustível”, diz.

“Por que nós estamos trazendo o diesel de fora, de caminhão lá de São Paulo para levar a matéria-prima de baixo valor agregado, que é o nosso grão de soja ou de milho. Temos que usar mais o biodiesel aqui”, afirma o especialista em agro, Ricardo Arioli

Mato Grosso ocupa a segunda colocação em volume de produção de biodiesel e primeiro em quantidade de usinas. A crescente produção agrícola trouxe disponibilidade de matérias-primas para a produção deste biocombustível como soja, algodão, sebo bovino, entre outros. Atualmente, há no Estado 16 usinas de biodiesel que têm capacidade autorizada de produção anual de 2,8 bilhões de litros.

O Estado também se tornou esse ano o segundo maior produtor de etanol graças ao etanol de milho, estando atrás apenas de São Paulo. Arioli afirma que esse cenário, tanto do biodiesel, quanto do etanol de milho, tem um grande potencial  para abastecer o setor da aviação e que Mato Grosso pode entrar como peça chave. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) tem a meta de zerar emissões de carbono na aviação até a metade deste século. O maior desafio do setor é garantir um fornecimento suficiente de Combustível Sustentável para Aviação (SAF), por causa dos altos custos e do crescimento lento da produção. É nesse contexto que o Brasil, e especialmente Mato Grosso, entra como grande potência.

No entanto, para isso, o agrônomo afirma que é necessária uma política de incentivo para a substituição do combustível. “Por exemplo: o Governo de Mato Grosso reduzir o imposto do biodiesel para que a mistura aqui seja um pouco maior, ou uma pequena política para reduzir algum tributo que incentive o consumo desse produto. O governo tem que ver as oportunidades que o setor está mostrando para promover mais desenvolvimento econômico e social”, afirmou.

Voos em aeronaves movidos 100% a combustível sustentável já vêm acontecendo nos últimos anos. Em junho de 2022, um jato comercial da Embraer voou apenas com biocombustível em um de seus dois motores. Em outubro de 2023, dois jatos executivos de São José dos Campos decolaram em um voo de teste apenas com o combustível sustentável de aviação em seus tanques. No fim do ano passado, m Boeing 787 da companhia aérea britânica Virgin Atlantic voou de Londres a Nova York também movido totalmente por biocombustível. Segundo a empresa, isso levou a uma redução de até 70% nas emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Biometano

Outro grande potencial de biocombustível é o biometano, produzido a partir de resíduos industriais, agropecuários e urbanos, que pode substituir o diesel nas máquinas agrícolas. Mato Grosso deverá ter a primeira fábrica de biometano e biogás ainda este ano. Uma planta industrial já está em construção no município de Nova Olímpia, com previsão de entrar em operação em 2024. A Uisa (antiga Usinas Itamarati) e a Geo Biogás irão produzir biogás e biometano a partir de resíduos do processamento de cana-de-açúcar. O investimento inicial das empresas é de R$ 300 milhões.

No ano passado, Mato Grosso aprovou a concessão de benefícios fiscais para a instalação de indústrias produtoras de biogás e biometano no Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic). Com o incentivo aprovado, a expectativa é de que mais grupos empresariais façam investimento nesta área. 

“Podemos fazer biometano de confinamentos, com esterco do gado. Já há um projeto aqui no estado com a produção de biometano a partir da fermentação da vinhaça da cana de açúcar. Toda as empresas que produzem etanol de cana, produzem a vinhaça. Então faz sentido ter um investimento para produzir o biometano depois. É o aproveitamento de um produto que quase não tem valor para produzir um biocombustível de valor agregado”, defende o Arioli.

O biometano pode substituir o diesel na frota de veículos pesados e emite 85% menos gases de efeito estufa em relação ao combustível. Algumas máquinas agrícolas movidas a biometano já são comercializadas, inclusive, e podem ter um custo operacional até 30% menor. O diesel utilizado atualmente nas máquinas agrícolas é importado e a produção própria de biometano traria também uma auto suficiência para o Estado nesse setor.

“Está apenas começando. Acredito que vamos ouvir falar muito do biometano em Mato Grosso ainda”, conclui Ricardo Arioli.

 

Fonte: RD News

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