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14 nov 2024

Volta de Trump abre espaço ao Brasil na crise do clima

Seca no Pantanal, inundação no Saara, recordes de calor em toda parte. O noticiário de 2024 tem confirmado as previsões mais apocalípticas sobre a mudança do clima. “Estamos a caminho de um suicídio planetário”, alertou ontem o professor Carlos Nobre durante a COP29, no Azerbaijão.

Cientistas têm usado a conferência, iniciada na segunda-feira, para reforçar um apelo: o mundo precisa de medidas urgentes para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. O caminho para evitar o colapso é conhecido, mas continua a ser torpedeado. O novo capítulo do boicote deve ser escrito por Donald Trump.

Em 2017, o republicano retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, que estabeleceu metas para tentar frear o aquecimento do planeta. Na campanha pelo segundo mandato, ele prometeu repetir a dose. Suas primeiras medidas após a vitória sugerem que o desmonte não vai parar por aí.

Na segunda-feira, o presidente eleito anunciou a nomeação do ex-congressista Lee Zeldin para a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, equivalente ao Ibama. O escolhido é um defensor da extração ilimitada de combustíveis fósseis. Fará o que o chefe mandar para tratorar a regras de licenciamento e favorecer grandes poluidores.

No mesmo dia em que Trump indicou Zeldin, o enviado do governo de Joe Biden à COP29 disse que a luta para reduzir as emissões é “maior do que uma eleição”. “Fatos ainda são fatos, ciência ainda é ciência”, afirmou John Podesta. Pode ser, mas a partir de janeiro o poder estará nas mãos de negacionistas de carteirinha.

As cúpulas do clima têm suas próprias contradições. Escolhido para sediar a COP29, o Azerbaijão é uma autocracia financiada pela extração de combustíveis fósseis. Ontem o presidente Ilham Aliyev causou constrangimento ao declarar que o petróleo e o gás são “presentes de Deus”. Ainda assim, as conferências têm o papel de forçar o diálogo e a busca por soluções multilaterais. A criação de um mercado global de carbono, supervisionado pela ONU, deve ser um legado positivo deste ano.

A próxima cúpula do clima ocorrerá no Brasil, em novembro de 2025. Será realizada em Belém, que ostenta o terceiro terceiro pior índice de tratamento de esgoto entre as capitais. O atraso no saneamento básico é um dos passivos do país, que ocupa o quinto lugar no ranking global de emissões.

Hoje a delegação brasileira em Baku deve formalizar o plano de reduzir em 67% a liberação de gases de efeito estufa até 2035. O vice-presidente Geraldo Alckmin definiu a nova meta como “ambiciosa, mas também factível”. A ver se a promessa influenciará as decisões do governo em dilemas que opõem preservação e arrecadação, como a busca por petróleo na Margem Equatorial.

Desde a Rio 92, o Brasil tenta se afirmar internacionalmente como uma potência ambiental. A volta de Trump abre espaço para o país reforçar seu protagonismo no esforço contra o suicídio planetário. Para isso, será preciso transformar palavras em ação — além de evitar o retorno dos negacionistas ao poder.

Fonte: O Globo

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