Em “Why I Stopped Hating Shakespeare,” James Baldwin reflete sobre sua relação transformada com o cânone de Shakespeare e o processo complexo de lidar com o repertório cultural imposto pela educação e sociedade. Baldwin descreve como, quando jovem, ele via Shakespeare como uma imposição cultural que não se conectava com suas experiências pessoais. Crescendo em um mundo marcado pela discriminação racial, ele sentia que a literatura “alta” — como a obra de Shakespeare — era uma ferramenta de opressão cultural, algo que não falava para ele e nem para a realidade de sua comunidade. Shakespeare parecia parte de um repertório imposto, desprovido de empatia por aqueles que não faziam parte da sociedade privilegiada que o celebrava.
No entanto, Baldwin explica como, ao longo do tempo, ele gradualmente parou de “odiar” Shakespeare e passou a vê-lo como um aliado inesperado. Essa mudança ocorreu quando ele começou a observar a universalidade dos temas de Shakespeare: ambição, traição, inveja, amor, e as complexidades da condição humana. Baldwin percebeu que, apesar das diferenças históricas e culturais, Shakespeare abordava verdades profundas e angústias que ecoavam com suas próprias vivências e lutas. Ele reconheceu que o repertório de Shakespeare não era apenas uma ferramenta de dominação cultural, mas também um espelho das dores e fraquezas universais que todos, independentemente de sua origem, compartilham.
Esse processo de aceitação e reinterpretação de Shakespeare ilustra a complexidade de lidar com o cânone da arte. Baldwin não apenas “aceitou” Shakespeare porque foi educado para fazer isso, mas porque ele conseguiu encontrar uma conexão pessoal que transcendeu o status imposto do autor. Ele mostra que o repertório cultural, quando reinterpretado de maneira crítica, pode adquirir significados mais amplos e pessoais. Baldwin, então, sugere que lidar com um cânone como o de Shakespeare não significa aceitar passivamente a autoridade de sua obra; é preciso questioná-la e buscar nela o que tem valor para a própria experiência.
A experiência de Baldwin é um exemplo poderoso de como o repertório cultural pode ser desconstruído e reinterpretado. Ele desafia a ideia de que apenas as elites podem apreciar a alta literatura, afirmando que todos têm o direito de se apropriar das grandes obras e questioná-las a partir de suas próprias realidades. Ao fazê-lo, ele transforma o que antes via como uma “imposição” em uma forma de resistência cultural e afirmação pessoal.
Em última análise, Baldwin nos lembra que os grandes autores e as obras canônicas não devem ser venerados de forma acrítica. A verdadeira riqueza cultural, segundo Baldwin, vem da capacidade de dialogar com esses clássicos, usando-os para entender e desafiar o mundo em vez de aceitá-los como autoridade indiscutível.
O cinema usado como ferramenta para manipulações e questionamentos sobre a realidade, a ilusão e a autenticidade da produção cultural. A mistura entre ficção e realidade transforma o documentário em uma meta-ficção que questiona, dentre outros conceitos, a própria ideia de autoria.
A escrita como um ato de satisfação espontânea, livre de preocupações com julgamentos externos e guiada pelo prazer puro de criar. O abandono do ego e as expectativas permite que a escrita se torne espontânea, um ciclo de descoberta e desapego, no qual o escritor oscila entre o desejo de controlar e a aceitação do inesperado.